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Na corrida por tratamentos e medidas para frear a disseminação do coronavírus, o papel da vitamina D na imunidade nunca esteve tão em pauta. Porém, não é de hoje que cientistas e médicos vêm buscando entender a eficácia desse pró-hormônio no combate a infecções.

Estudos internacionais desenvolvidos nas últimas décadas já associavam os surtos sazonais de gripe a uma possível deficiência de vitamina D, que ocorre durante os meses de inverno, especialmente nos países de clima temperado. Nesses locais, as epidemias de influenza aparecem durante os períodos frios e praticamente desaparecem no verão.

Estamos falando de um pró-hormônio que, entre suas diversas funções no corpo, auxilia na absorção de cálcio e tem importante papel na função muscular, ou seja, atua como uma substância multifuncional, já que diversas células e tecidos possuem receptores para ela. A deficiência da vitamina está ligada a uma série de doenças, como as autoimunes, a osteoporose e as infecções do trato respiratório.

Diante desse histórico científico, desde o início da pandemia de Covid-19, há um ano, pesquisadores de diversos países têm buscado entender o papel da vitamina D na prevenção ou no tratamento da nova doença.

Resumidamente, quando o indivíduo apresenta baixos níveis de vitamina D, notamos um aumento no nível de moléculas que causam inflamação no organismo. São as chamadas citocinas, cujo excesso está associado a danos nos pulmões e ao agravamento do quadro de Covid-19, provocando insuficiência respiratória e até mesmo óbito.

A principal causa de morte por infecção pelo coronavírus tem sido a síndrome da deficiência respiratória grave, decorrente da liberação de citocinas inflamatórias em grande quantidade, a tempestade de citocinas. É por esse motivo que a vitamina D tem sido tão investigada nos últimos meses. De fato, um estudo da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, constatou que pessoas com deficiência do pró-hormônio tendem a ter sintomas graves da infecção.

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Considerando a literatura científica, chegamos à seguinte conclusão: a vitamina D contribui para o sistema imune funcionar bem e é de pressupor que níveis adequados ajudem o organismo num momento crítico.

Apesar de variável, sabemos que cerca de 60 a 70% da população brasileira entre 18 e 50 anos sofre com déficit de vitamina D. Durante o isolamento social, período no qual as pessoas se privam ainda mais da exposição solar, essa carência tem tudo para aumentar.

Sendo assim, junto com as medidas gerais de prevenção, é essencial que a população garanta níveis adequados de vitamina D, sobretudo aqueles já infectados, além de profissionais de saúde, idosos, pessoas que vivem em residências assistenciais e todos os que, por várias razões, não se expõem à luz do sol.

Nesses casos, a suplementação pode ser uma aliada. A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) recomenda, em seu posicionamento sobre micronutrientes e probióticos na infecção por Covid-19, que a reposição via oral em doses seguras e suficientes fazem sentido, desde que prescritas por um especialista.

No caso dos idosos, tendo em mente que metade deles sofre com deficiência grave e praticamente 80% estão abaixo das concentrações desejáveis, a suplementação costuma ter um papel ainda mais relevante. Os benefícios à saúde óssea e muscular são bastante conhecidos, mas, no novo normal, devemos considerar também o aspecto da imunidade, uma vez que idosos fazem parte do grupo de maior risco para a infecção. No momento, um estudo do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, avalia justamente o impacto do nível de vitamina D em pacientes idosos internados com Covid-19.

Por último, vale reforçar que, muito além do papel e da reposição da vitamina, todos devem fazer sua parte, ainda mais com a vacinação em estágio inicial no país. Vamos continuar tomando os cuidados necessários, com distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscaras para evitar a transmissão do vírus.

* Durval Ribas Filho é presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN)

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