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A maior parte do nosso corpo é formada por água: ela representa, em média, 60% de tudo o que existe dentro da gente. Não é de surpreender, portanto, que a escassez provoque todo tipo de problema. Veja, abaixo, sete deles e dicas para criar o hábito de se hidratar:

1. Piora da memória e do raciocínio

Com a idade, o ser humano tende a beber menos água. Tanto que, após os 80 anos, muitos chegam a ser considerados “desidratados crônicos”. O que está por trás? Efeitos colaterais de medicamentos, medo da incontinência urinária, mobilidade reduzida para buscar o líquido ou, simplesmente, esquecimento.

O próprio corpo também muda e parece exigir um consumo menor: segundo a enfermeira Maria Cristina Sant’Anna da Silva, presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), o avançar dos anos causa alterações na região cerebral que controla a sede.

É por isso que não se deve bobear. Um estudo recém-publicado no periódico European Journal of Nutrition aponta que um menor nível de hidratação já estaria ligado a piores resultados em velocidade motora, atenção e memória, sobretudo entre as mulheres.

A ingestão insuficiente mexe diretamente com a cabeça: o idoso fica mais sonolento, confuso e com o pensamento lento. “Beber água faz o sangue ter mais fluidez, levando nutrientes e oxigênio para o cérebro”, justifica Maria Cristina.

2. Envelhecimento da pele

Quem se esquece dos goles e leva uma alimentação desequilibrada encara as consequências no espelho. “As rugas ficam mais evidentes e há piora no aspecto e na textura da pele”, avisa a dermatologista Fabiana Seidl, do Rio de Janeiro.

“Na derme, camada mais profunda da pele, há uma tendência a acumular líquidos, pois ela é extremamente vascularizada”, ensina. Já nas camadas mais superficiais, como a epiderme, a situação é outra.

Embora os estudos ainda não sejam conclusivos, os médicos concordam que a bebida está por trás de muitos processos que ajudam na elasticidade da pele, impedindo que ela adquira um aspecto flácido ou seco. “É consenso que a água é essencial para a regeneração e a fabricação de proteínas como o colágeno”, afirma o dermatologista Franklin Verissimo, de Fortaleza.

Além disso, o médico conta que o ressecamento tende a deixar as rugas mais evidentes. Por isso, copos de água são parceiros do creme hidratante.

3. Mau hálito

Se você fica um longo período sem tomar água, é possível que algumas pessoas se esquivem ao ouvi-lo de perto. É que talvez elas sintam um dos efeitos desagradáveis da desidratação: o mau hálito. Com menos água, a produção de saliva diminui e a secura facilita a vida dos micróbios que já estão naturalmente em nossa cavidade bucal.

“Se a higiene oral não está adequada, bactérias ruins começam a se multiplicar”, explica o dentista Sérgio Kahn, da Sociedade Brasileira de Periodontologia.

A halitose é um sinal de que esses micro-organismos estão avançando no pedaço. Se não forem controlados, eles podem levar a outros problemas mais sérios, como a gengivite.

Nada substitui uma boa escovação, claro, mas evitar a boca seca retarda o desenvolvimento dessas criaturinhas indesejáveis — e evita que os colegas fiquem constrangidos perto de você.

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4. Queda no desempenho escolar

Crianças bem hidratadas vão melhor na sala de aula. É o que indica uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade Northeastern, nos Estados Unidos, com estudantes de 9 a 11 anos. Eles tinham que beber doses diferentes de água e, depois, passavam por testes para avaliar tempo de reação, memória e capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo.

Quem tinha consumido uma quantidade mais próxima da recomendada apresentou resultados superiores. Para Ricardo Burg Ceccin, professor de educação em saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a desidratação pode impactar o corpo do aluno de diversas formas.

“Como o cérebro é um órgão com grande teor de água, ele acaba protegido, acentuando a desidratação em outras regiões”, diz.

Para ele, as causas das dificuldades cognitivas são uma soma de fatores: além da falta de água, a alimentação deve ser levada em conta. E, em geral, crianças que dão mais goladas costumam ter outros hábitos saudáveis, que se somam e possibilitam um desempenho melhor — na escola e no dia a dia.

Mas, para os pesquisadores americanos, a pegadinha é que boa parte da molecada sofre uma desidratação involuntária, já que depende dos adultos para se recordar do hábito.

Garrafa a tiracolo: nas escolas, é preciso pedir autorização para sair da aula em busca de um bebedouro. Para não abusar nem correr o risco de desidratar, a melhor alternativa é que o aluno tenha sua própria garrafinha de água. Outros meios que facilitam a hidratação envolvem a estrutura da escola: acesso livre a torneiras e bebedouros nos corredores e, se possível, na própria sala.

Para crianças que evitam a água por achá-la “sem graça”, a hidratação pode ser incentivada com a ajuda de uma saborização natural. É só mergulhar pedaços de frutas na garrafa.

Não basta ser líquido: nosso corpo tira a água de todos os alimentos. Assim, mesmo quem bebe pouco consegue se manter em pé graças a frutas, verduras, sucos e caldos. Mas, apesar de esses alimentos quebrarem um galho, nada supera a água purinha para hidratar — sobretudo se houver aula de educação física, prática de esporte e exposição ao sol.

Bebidas açucaradas, como refrigerantes, chás, néctares e refrescos prontos, são menos eficientes para repor o líquido perdido. Dê sempre preferência à água fresca.

5. Dificuldade para perder peso

A água, por si só, não tem propriedades emagrecedoras. Mas tudo leva a crer que a ingestão correta atenua o acúmulo de quilos extras. Por ela não ter calorias, quem está de olho na balança obviamente sempre a encara como uma alternativa natural a qualquer bebida açucarada. Mas um novo experimento aponta que a água é vantajosa mesmo quando comparada a bebidas dietéticas.

Pesquisadores britânicos e iranianos se juntaram para acompanhar 71 mulheres que, ao longo de um ano e meio, substituíram líquidos “zero caloria” por água na principal refeição do dia. No fim das contas, elas tiveram resultados mais animadores na perda de peso.

Outro estudo, desta vez da Espanha, sugere que o consumo de água está relacionado a uma melhor composição corporal. “Uma pessoa com a hidratação adequada consegue manter melhor as funções básicas do corpo”, ressalta a nutricionista Daniela Cierro Ros, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição.

“Agora, se falta água, o metabolismo tende a desacelerar para poupar energia”, destaca. Cenário perfeito para o peso subir.

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6. Cansaço diário

A água é fundamental para a circulação sanguínea e, com isso, o transporte de nutrientes e oxigênio até a massa cinzenta — processo que fornece a energia necessária para realizarmos cada tarefa do dia. “Uma boa hidratação melhora o funcionamento celular, resguardando não só o cérebro mas todo o corpo”, reforça Maria Cristina.

Quando desencanamos da água, o fluxo inteiro é prejudicado, e nosso organismo começa a ter dificuldades para executar trabalhos básicos: tudo se torna um desafio um pouco maior.

“Geralmente, a frequência cardíaca aumenta e o esforço físico tem de ser maior para, por exemplo, subir uma escada”, descreve o nutrólogo Carlos Alberto Werutsky, da Associação Brasileira de Nutrologia.

Dia após dia o resultado é um cansaço constante, que se acentua após tarefas que seriam mais tranquilas para uma pessoa hidratada. Então, se você anda se sentindo mais fatigado que o normal no trabalho, talvez a culpa nem seja do chefe ou das obrigações, mas de negligenciar sua sede. Para tirar a prova, não custa deixar uma garrafinha por perto.

7. Dor de cabeça

Má notícia para quem convive com a enxaqueca: a desidratação costuma ser citada como um dos gatilhos para que ela apareça. “Embora não se saiba muito bem o mecanismo em si, a desidratação pode predispor as crises nas pessoas mais sensíveis”, afirma Werutsky.

A dor se assemelha àquelas causadas por excesso de tensão, com uma pressão capaz de afetar toda a cabeça e até mesmo a nuca. O elo com a falta de água talvez tenha a ver com a menor produção de urina. “Há uma dificuldade de remoção das toxinas circulantes”, explica o nutrólogo.

Daí o corpo se torna mais exposto a essas substâncias, que vão se acumulando — e as dores na cuca vêm junto. Para evitar essa situação, o ideal é se manter hidratado sempre, na medida recomendada de acordo com sexo, peso, idade e nível de atividades desempenhadas na rotina.

E, se a crise despontar, recorrer a um analgésico não significa que dá para abrir mão da água. “Nosso organismo não funciona a seco”, resume Werutsky.

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Dicas para manter o consumo de água em dia — e o ano todo

Leve a garrafa para todo canto: tê-la sempre à mão evita esquecimentos em meio à rotina corrida — e facilita a adesão ao hábito.

Dê um sabor especial: a falta de gosto desanima? Corte suas frutas favoritas, misture à água e leve à geladeira.

Estabeleça metas: conheça suas necessidades diárias e crie desafios: tomar uma garrafinha de 500 mililitros por turno, por exemplo.

Recorra à tecnologia: aplicativos com lembretes ou o próprio alarme do celular dão o alerta de que está na hora de se hidratar.

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